Haja tristeza que baste
para chegarmos ao Inverno.
Tristeza que baste para que os dedos
da minha mão toquem os dedos
da minha outra mão.
Haja tristeza que baste para a sagrada imitação do riso.
Tristeza que baste para mantermos a temperatura da pele.
Para apagarmos as marcas dos nossos passos.
Haja tristeza que baste para acordar os pássaros
e para espantar os espíritos da casa.
Haja tristeza que baste para que a mesma história
seja contada de forma sempre diferente.
Haja tristeza para lavar os dentes muito brancos,
tristeza para haver vontade,
tristeza para que o pescoço se alongue lentamente
quando subirem as águas do rio.
Haja tristeza que baste para
enchermos a gaveta de coisas inúteis
e para não pensarmos hoje na morte.
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