26.6.13

Os ciclistas



Anda comigo, irmã,
pôr-te à janela
a ver os homens passar.

Lado a lado,
debrucemo-nos
sobre a rua
amparando o decote
como um braçado de rosas.

Hoje é Domingo
dia de ver passar
os ciclistas
com os seus rabos apertados
e que eles,
inclinados sobre a curva,
sejam para nós
como um bando de corças
na súbita clareira da floresta.

Então nós, as meninas,
bateremos palmas
estremecendo o peito.

A mais tímida
há-de cravar as mãos
na sua própria carne,
enquanto a outra
irá pender pela cintura
estender os braços
e apalpá-los.

Colo


Sou mulher
ou seja
tenho sempre
qualquer coisa
ao colo
qualquer coisa
prestes a cair
se por um instante
distrair as mãos

e quando não tenho nada
então
as próprias mãos
melhor pousá-las
sobre os joelhos:
assim
bem à vista

e se nem as mãos
então
o difícil equilíbrio do mundo
sobre a curva do joelho
qualquer desatenção
(um suspiro)
pode ser fatal