28.4.11

aqui me tens

A minha aldeia é igual a todas

as aldeias, isto é, nela há

um homem que um dia ao fim

de muitos anos há-de abrir

a porta e despir-se deixando

cair a roupa no cimento

da entrada e depois vai

caminhar até ao muro e chamar

a mulher que mora na casa

ao lado e naquele momento

arranca a erva do canteiro

das alfaces e dizer-lhe:

aqui me tens.