14.2.05

Paisagem

Fazer as coisas pela ordem irreversível do poema
abrir a mão antes que chegue a flacidez da tarde
inspirar no instante em que se pousa o pé no chão
e aninhar nas pálpebras a cor e o sal do dia
recolher a língua um minuto antes da chuva
dar o seio como música à memória, e então
deitar no mesmo leito, em desordem,
as múltiplas deflagrações do corpo
colocar o riso antes do instante, a pedra antes do verso
a faca sobre a mesa antes da boca fechada

Sem comentários: