16.2.05

Labareda

Assinalo a antecipação da Primavera
queimando lençóis.
O terreno é vasto, é claro o horizonte,
a chama é branca contra a pele.
Gritam os pássaros e as feras
dos meus lençóis que ardem.
Há uma forma ondulante de mulher
que corre entre as árvores,
o cabelo inflamado de lâminas azuis.
Há línguas de fogo na minha língua
e o olho amarelo de uma ave de rapina
suga o odor e o fumo das suas presas.
O lençol é um caudal de fogo
que lanço pela janela,
uma labareda invisível que de súbito
queima e treme no ar de quase Primavera.

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