11.1.10

No comboio

Nenhum homem me amou mais
do que o homem que se sentou
ao meu lado no comboio.

Amou-me durante vinte e cinco minutos,
profundamente, sem olhos para mais nada.
Amou o meu perfil,
as minhas mãos a segurar o livro,
amou todas as vezes que olhei pela janela.

Amou-me de um sítio onde
não era capaz de falar-me do seu amor.
E quando se levantou, e me deixou para sempre,
ofereceu-me uma lâmina de madeira, limpa e macia,
dizendo que era para eu marcar
as páginas do livro: toda a riqueza do seu reino.

3 comentários:

jeanne disse...

cheguei aqui por vias amigas.
um a um, li os seus poemas todos. que venha rápido o dia do trabalho proíbido se assim tiver tempo de escrever -um pouco- mais.

frente-e-verso disse...

Obrigada. Creio que, com tempo ou sem ele, afinal é mesmo este o meu ritmo...

... a cada instante ... disse...

Porque na Vida o que conta são estes pequenos instantes.

Abraço.