19.12.06

as rosas

Procurar as rosas e cobrir a soleira de rosas. Se necessário, cortar as rosas. Renunciar por vezes às rosas. Cultivar e repreender as rosas. Comer algumas rosas. Não olhar a direito as rosas. Se chegar Janeiro, podar as rosas. Cobrir com pudor as raízes das rosas. Estender o braço entre os caules sem tocar as rosas. Deixar morrer devagar as rosas. Ver apodrecer as rosas. Querer as rosas, e querer ainda mais e de novo as rosas e querer muito falar das rosas. Ao passear com um amigo num dia de Inverno, sem dar por isso recordar com ele as rosas. Abrir uma excepção para as rosas.

3 comentários:

firmina12 disse...

este texto, seja lá de quem for é fabuloso e até é pena estar aqui tão escondido

Isabella Kantek disse...

concordo!

Rosa de sol é girassol disse...

Adorei o texto. Concordo com Firmina: pena estar escondido.

"Tudo o que é sensação e novidade tem apenas um destino: vida curta. As novidades despertam atenção e depois caem no esquecimento. Antes um segredo ser conhecido por poucos do que ser esquecido por todos."
Fragmento adaptado de O dia do Curinga de Jostein Gaarder que se encaixou perfeitamente neste momento.