2.4.07

As carpideiras por Cesariny

O homem está na terra
um busto pousado na erva
incapaz de suster o voo.
Eu apareço pousado no balcão da pastelaria
inconveniente e com o significado de uma mosca.
As palavras cansam-me de erradas
ao lado e quase.
Nas manchas da luz incompleta do trabalho
- o que leva os dias - um pássaro tenta
a fuga contra as paredes. Ou os meus olhos erram.
Agora como; soma, menos.
Agora sono, pouco.
E na insatisfação dos horários, eu
- fácil como uma mosca -
sou
paciente de sobrevivência e de morte.

[encontrei este poema há duas semanas numa pilha de papéis pequenos, todos em branco menos este e tem andado, desde então, a voar pela sala ao sabor das correntes de ar, de forma que decidi postá-lo aqui. Lembro-me vagamente de o ter escrito e de ter sido rápido, mas por que raio lhe chamei "As carpideiras por Cesariny" é que não sei se percebo... foi um dia depois da morte dele: se calhar, tinha passado o dia a ler crónicas carpideiras nos jornais].

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