um dia, o trabalho será proibido.
deixará de ser oficial,
dirá o governo nos jornais nacionais de maior tiragem.
mandará escrever
e ninguém perguntará porquê.
– são as ordens que tenho.
dirão os funcionários enviados
para fechar as portas das fábricas, das lojas, dos escritórios,
queimar os campos e afundar os barcos dos que insistirem.
– porquê?
– são as ordens que tenho.
e a voz, dizendo as palavras,
dirá também a censura.
e quando tudo estiver fechado
e todos os homens quietos
e as casas silenciosas,
a fome será proibida.
– já não há fome.
– porquê?
– já não é oficial.
– porquê?
– são as ordens que tenho.
depois, a curiosidade e os livros
o frio e a roupa
a pele e a água
o sono e a sombra
e em geral todas as coisas de ser gente
corpo e mundo
tudo deixará de ser oficial
e tudo será proibido.
e os homens subirão aos parapeitos das janelas
abrirão os braços
e voarão sobre as cidades.
e mais não se saberá deles
porque a morte será proibida.
22.6.11
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário